Infelizmente não tenho tido muito tempo para os meus programinhas culturais. E tenho pena. E saudades.
Mesmo assim, entre a ModaLisboa e o PortugalFashion, consegui dar um saltinho à Festa do Cinema Francês com a Poppy para ver La Cérémonie, de Claude Chabrol. O filme é de 1995, mas uma das homenageadas do festival este ano era a Sandrine Bonnaire, a protagonista, pelo que havia uma retrospectiva do trabalho dela. O filme acaba de uma maneira um pouco psicótica, mas tem o seu não sei o quê de interessante...
E ontem ainda consegui dar um saltinho ao Doc. Aliás, o meu saltinho ao Doc começou na sexta-feira. Havia uma festinha dos Beatles no S. Jorge, a propósito do documentário sobre eles que era apresentado antes. Foi muito giro! Deu para rever colegas do Indie e outros amigos que por lá andaram, a música estava uma delícia e quando acabou no s. Jorge, a festinha passou para o Maxime! Parafraseando a C., o ambiente no Maxime estava mesmo muito Pulp Fiction: gente gira, pista cheia, tudo a dançar e aquele ambiente fantástico do Maxime... Ah! E ainda fui gozada porque voltei para casa com uma rosa de papel oferecida pelo dj. Ahahaha!
Ontem então consegui fazer uma pequena incursão fílmica que acabou em sessão dupla. Fui ver o filme B-Side, de Eva Vila (que estava presente e ainda falou um bocadinho sobre o filme). É um documentário super interessante sobre a actualidade da música em Barcelona: os problemas e obstáculos com que os músicos se deparam diariamente, as leis que estão para sair e ainda não sairam, todo o trabalho que é desenvolvido longe do olhar do cumum mortal e todo o empenho e genialidade alcançados. Adorei o paralelismo discutido ao longo do documentário entre música e cultura. Se a melhor definição de Cultura é precisamente "Cultura como todo um modo de vida", aqui a melhor definição que eles (músicos) conseguiam para Música era precisamente "Música como um modo de vida". O objectivo comum entre todos eles era fazer chegar a música a todos os que não a entendem e, uma vez perante um público que não a entende, então que lhe conseguissem provocar uma reacção, que a música lhes causasse sensações para além daquilo que conseguem entender. Bom, tudo isto para dizer que gostei muito. Se tiveres oportunidade de o ver por aí, aproveita. Embora a maioria do documentário seja em catalão (eles aí devem legendar em castellano, não?). Ah, e uma curiosidade, a realizadora também é música. Toca guitarra.
O outro documentário chamava-se NY Export: Opus Jazz. É sobre o grupo de bailado criado por Jerome Robbins que inovou através daquilo a que ele chamava Dança Urbana, que obteve bastante visibilidade com o West Side Story. Aliás, na verdade eram dois documentários: o primeiro era o grupo de bailarinos actual a dançar em vários pontos citadinos, geralmente com um ar abandonado (assim como fábricas), ou ginásios. O trabalho de câmeras era muito interessante, era baseado na realização original de Jerome Robbins (de 1958), com várias câmeras a filmar em simultâneo de vários ângulos para acompanhar a dança do ponto onde o efeito visual fosse mais forte e mais interessante. Hoje em dia já não é novidade nenhuma e usam-se mil e uma maneiras de filmar diferentes mas, em 1958, quando a companhia foi dançar ao programa de Ed Sullivan, na tv norteamericana, era algo nunca antes visto. O próprio Jerome Robbins foi o realizador dessa parte do programa e usou várias câmeras em vários ângulos nunca antes usados (e atenção que estamos a falar de câmeras de televisão de há 50 anos atrás! Não eram propriamente iguais às de hoje). O segundo documentário, mais curtinho, falava então da companhia, das ideias de Jerome Robbins, o que é que ele pretendia, o seu espírito inovativo, as reacções às apresentações na época (na Europa foram aplaudidos de pé durante 20 minutos consecutivos e levados em ombros), e faziam um paralelismo muito giro entre a companhia inicial e a actual. Os bailarinos actuais têm a idade dos originais quando começaram. Eles mostravam passos a ser executados pelos originais misturados com os actuais, era mesmo deslumbrante. Vontade de sair dali a mobilizar toda a gente para um passinho de dança no meio da rua...
Já não te chateio mais. Acho que por agora está tudo dito. Fico à espera do meu jardim.
Beijinho do tamanho do mundo!
A.R.
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