Isto de se trabalhar num teatro tem muito que se lhe diga. Ele é porta dos artistas cheia de gente, dobrar uma esquina e encontrar uma reprodução de um cavalo em tamanho real, de vez em quando encontrar uns sapatos de pontas debaixo duma mesa ou duma cadeira, ver passar actores, bailarinos, público e tantos outros profissionais que trabalham nos bastidores para que tudo corra na perfeição...
E depois é também percorrer os corredores vazios e às escuras ao domingo e chegar à porta da entrada com aquele sorriso nos lábios de quem já faz o caminho às cegas porque já o sabe de cor, conhecer toda a gente pelo nome, saber qual é o botão no meio de milhares, na caixa de electricidade, que liga as luzes das casas-de-banho, qual é a chave que abre as porta à primeira e qual é o truque para abrir a fechadura mais perra, é olhar em volta e sentir que todos os dias este edifício me maravilha, mas ao mesmo tempo é já também a minha casa.
E, em dias como o de hoje, é chegar sem ter almoçado e o senhor espanhol das Ostras (não me perguntes, tivesses vindo ver o espectáculo!) oferecer-me ostras, ensinar-me a abri-las e como colocar
el cuchillo estrategicamente para as soltar (E não é que eram mesmo boas? Nunca tinha provado. Têm uma textura muito suave e um saborzinho muito agradável!). Ainda falámos um bocadinho de como eram cultivadas e eu fiquei deliciada. Entretanto fui espreitar o
site do senhor e ainda achei mais piada. Fez-me lembrar a nossa Ria Formosa...
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O señor Eduardo à esquerda. |
Há dias assim. E este ainda nem vai a meio...
A.R.
Imagens retiradas do site Ostras del Eo: www.acueo.es .